Molly Picklum e Jack Robinson vencem o Hurley Pro Sunset Beach no Havaí. Foto: WSL / Tony Heff
Só deu Austrália no Hurley Pro Sunset Beach, com Molly Picklum conquistando o bicampeonato contra a havaiana Bettylou Sakura Johnson e Jack Robinson batendo recordes na decisão com o japonês Kanoa Igarashi. Com as vitórias no último desafio do World Surf League (WSL) Championship Tour (CT) no Havaí, Molly assumiu a ponta do ranking e Jack passou a dividir o segundo lugar com Barron Mamiya, bem pertos do novo líder, John John Florence. O próximo confronto dos melhores surfistas do mundo será no MEO Rip Curl Pro Portugal, de 6 a 16 de março nas ondas de Supertubos, em Peniche.
“Nossa, que momento! Defender um título é muito difícil no nosso esporte, porque o oceano sempre muda a todo instante”, destacou Molly Picklum, que conseguiu sua segunda vitória consecutiva em Sunset Beach. “O mar hoje esteve em sintonia comigo e estou muito, muito feliz por isso. Cada evento o sentimento é diferente, então estou apenas aceitando o que realmente acontece e tentando encontrar pequenos momentos divertidos nisso tudo. Definitivamente, eu não estava tão confiante neste evento. Mas, sempre mantive a confiança e acho que esse é um dos meus pontos fortes”.
Depois da vitória da Molly Picklum nas ondas excelentes de 6-8 pés da quarta-feira em Sunset Beach, Jack Robinson confirmou a primeira dobradinha australiana no alto do pódio no CT 2024. A última tinha acontecido no Rip Curl Pro Bells Beach do ano passado, com Ethan Ewing e a Tyler Wright ganhando a final com a própria Molly na Austrália. Enquanto a decisão feminina valia a liderança no ranking para a vencedora, na masculina o campeão iria dividir a segunda posição com o havaiano Barron Mamiya, pois a lycra amarela já estava garantida por John John Florence.
Jack Robinson passa a dividir o segundo lugar no ranking com Barron Mamiya. Foto: WSL / Brent Bielmann
“Esses últimos meses foram uma loucura para mim em casa. Meu filho nasceu antes de vir para cá, então é muita novidade e estou só tentando me adaptar a tudo”, disse Jack Robinson. “Eu estou muito feliz por hoje. Eu sei que não comecei bem em Pipe, mas não importa, porque eu só estava querendo aproveitar ao máximo e isso é o mais especial. Essa onda na final (9,87) foi muito legal e eu nunca tinha surfado dois tubos na mesma onda aqui. E fazer uma final com o Kanoa (Igarashi) foi muito legal. Nós crescemos juntos, já fazemos isso há muito tempo. É uma história legal e tem muito mais por vir ainda”.
O australiano Jack Robinson também decidiu o título da próxima etapa em Portugal em 2023, vencida pelo brasileiro João Chianca. Chumbinho não competiu no Havaí, mas segue em recuperação e a expectativa é de que ele possa reforçar a seleção brasileira da WSL no restante da temporada. Os dois foram semifinalistas em Sunset Beach no ano passado, com Chumbinho perdendo para o campeão Filipe Toledo e Jack Robinson para o norte-americano Griffin Colapinto. O australiano acabou com a chance do bicampeonato do Brasil, ao barrar Italo Ferreira nas quartas de final.
John John Florence é o novo líder do ranking masculino. Foto: WSL / Brent Bielmann
Foi o primeiro show do campeão nas ondas excelentes da quarta-feira em Sunset Beach. O brasileiro fez a sua melhor apresentação no Havaí, abrindo a bateria com notas 7,50 e 8,10 do seu ataque poderoso de backside. Mas, o frontside do Jack Robinson também funcionou muito bem e ele registrou novos recordes no Hurley Pro Sunset Beach, 17,37 a 15,60 pontos, somando 7,60 com a nota 9,77 de um tubaço incrível que surfou em sua última onda. O campeão mundial terminou em nono lugar e ficou em 13.o no ranking, sendo o brasileiro mais bem colocado nas duas etapas do Havaí.
Depois, Jack Robinson venceu o duelo australiano das semifinais com Ryan Callinan, por 16,10 a 13,10 pontos, com notas 8,00 e 8,10 nas duas últimas ondas que surfou, antes de dar outro espetáculo na decisão do título com Kanoa Igarashi. Era a segunda final do japonês no Hurley Pro Sunset Beach. A primeira foi na estreia desta etapa em 2022, quando ele perdeu para o havaiano Barron Mamiya. Kanoa passou pelo sul-africano Jordy Smith nas semifinais, que tinha surfado um tubão nota 9,33 para barrar o novo líder do ranking, John John Florence.
Italo Ferreira fica em quinto lugar na competição. Foto: WSL / Brent Bielmann
Mas, ninguém foi mais espetacular do que Jack Robinson na quarta-feira. Os finalistas não tiveram muitas chances para surfar, porque as séries estavam mais espaçadas, mas o australiano estava impecável na escolha das ondas e já começou forte, com nota 8,17 na primeira que surfou. Kanoa respondeu com 7,33 e Jack se manteve à frente com 6,17. O melhor estava por vir ainda. Ele pegou uma morra de mais de 2 metros de altura, atacou com um rasgadão insano debaixo do lip, já entrando num tubão, saiu, pegou outro tubo e mandou mais uma rasgada pra finalizar.
Dois dos cinco juízes deram nota 10 para ele nessa onda e a média ficou em 9,87. Foi a maior do campeonato, superando o seu próprio 9,77 na quarta de final contra o Italo Ferreira. Com o 9,87, também aumentou o seu recorde de pontos no campeonato, de 17,37 contra o brasileiro, para 18,04. No Havaí, essas marcas só ficaram abaixo da nota 10 e dos 18,84 pontos do campeão em Pipeline, Barron Mamiya. Kanoa Igarashi ainda surfou bem uma onda que valeu 7,83, mas não impediu a festa de Jack Robinson pela vitória que fechou o Hurley Pro Sunset Beach com a melhor apresentação do campeonato.
Jack faz a festa na areia. Foto: WSL / Tony Heff
“Eu cresci na Califórnia e o Havaí fica a apenas um voo de distância, então é um lugar onde sempre vinha treinar. Quando era mais jovem, eu tinha medo de vir, porque era assustador estar aqui no North Shore, surfando essas ondas grandes”, contou Kanoa Igarashi. “Ao longo dos anos, tentei dedicar o máximo de tempo que pude aqui e tenho uma equipe muito boa ao meu lado. Eu sabia que se quisesse ser um surfista top do tour, teria que conseguir bons resultados aqui. Então, estou muito feliz com meu início de ano e espero continuar assim”.
RECORDES FEMININOS – Assim como Jack Robinson, Molly Picklum também bateu todos os recordes do Hurley Pro Sunset Beach na quarta-feira decisiva no Havaí. A jovem havaiana Bettylou Sakura Johnson vinha se destacando e tinha feito as maiores marcas femininas, nota 9,17 num tubaço surfado na primeira fase e 15,50 pontos nas quartas de final que abriram o último dia. As duas já tinham sido as melhores nas ondas de Pipeline, com a australiana ganhando o primeiro 10 da temporada, batendo a nota 9,70 da Bettylou, que era a maior do Lexus Pipe Pro apresentado por YETI.
Em Sunset Beach, Molly Picklum voltou a brilhar na semifinal com a costa-ricense Brisa Hennessy. Ela começou com 7,77 na primeira onda, depois pegou uma enorme e atacou muito forte, com um batidão insano debaixo do lip, despencando com a massa d´água e se mantendo em cima da prancha de uma forma incrível. Um dos cinco juízes deu nota 10 e a média ficou 9,67. Talvez, tenha sido a maior já recebida por uma única manobra no CT feminino. Com essa nota, a australiana registrou um novo recorde de 17,44 nas duas primeiras etapas do Havaí, superando os 15,84 da campeã em Pipeline, Caitlin Simmers.
Molly Picklum assume a liderança do Tour da WSL. Foto: WSL / Brent Bielmann
LIDERANÇA NA FINAL – Com a classificação para a final, Molly Picklum já tirava a liderança do ranking da norte-americana, mas a lycra amarela acabou sendo disputada na decisão do Hurley Pro Sunset Beach. Isso porque Bettylou Sakura Johnson derrotou a campeã mundial Caroline Marks na outra semifinal e poderia ficar em primeiro lugar no ranking, se vencesse o campeonato. Era a primeira final da carreira da jovem surfista de apenas 18 anos de idade, enquanto a australiana de 21 anos decidia uma etapa do CT pela quinta vez, a segunda seguida no Havaí e em Sunset Beach também.
Bettylou Sakura Johnson tinha ao seu lado toda a torcida havaiana que encheu a praia na quarta-feira e começou melhor, com nota 7,17, contra 6,50 da Molly Picklum. Infelizmente, não entraram muitas ondas boas na bateria, mas a australiana conseguiu somar um 5,33 na liderança. A havaiana ficou com a prioridade de escolher a próxima onda, mas o tempo foi passando, ela ficou mais de 15 minutos esperando por uma série que não apareceu. A bateria chegou ao fim e Bettylou Sakura Johnson acabou somando uma nota 1,50, com Molly Picklum festejando o bicampeonato consecutivo no Hurley Pro Sunset Beach por 11,83 a 8,67 pontos.
“Esses últimos dias foram inacreditáveis e tivemos muita sorte de competir em boas ondas”, disse Bettylou Sakura Johnson. “Me sinto realmente abençoada por estar em casa, com meu treinador me apoiando e com a confiança que precisava para me sair bem neste evento. Eu e a Molly (Picklum) conversamos sobre isso 2 anos atrás e agora estamos aqui juntas, então estou muito feliz por fazer parte disso. Espero continuar evoluindo neste novo patamar para o surfe feminino nos próximos anos”.
Molly arranca 9.67 dos juízes em sua melhor onda. Foto: WSL / Tony Heff
SELEÇÃO BRASILEIRA – O início da temporada 2024 no Havaí, não foi bom para a seleção brasileira. Primeiro foi o desfalque do João Chianca, o Chumbinho, que precisou ficar em casa em Saquarema, se recuperando do acidente sofrido em Pipeline no ano passado e não competiu nas duas primeiras etapas. Depois, Filipe Toledo pediu uma licença médica do CT, para cuidar da saúde mental. Na primeira etapa em Pipeline, apenas Yago Dora passou pela terceira fase e perdeu nas oitavas de final.
Em Sunset Beach, Italo Ferreira e Miguel Pupo chegaram nas oitavas de final, mas só o campeão mundial e olímpico se classificou para o último dia. Foi a primeira vez que o Brasil chegou nas quartas de final masculinas e apenas Italo, Miguel e Yago, estão entre os 22 primeiros do ranking. Só quem estiver neste grupo, será mantido na elite no corte do meio da temporada, que vai acontecer na quinta etapa, na Austrália. Pela primeira vez em muitos anos, nenhum brasileiro aparece entre os top-10 do ranking após as duas primeiras etapas.
Já o time feminino começou bem em Pipeline, com Tatiana Weston-Webb e Luana Silva ficando em quinto lugar, só perdendo nas quartas de final. Em Sunset Beach, ambas pararam nas oitavas de final e terminaram na nona colocação. Com estes resultados, as duas dividem a sétima posição no ranking com a australiana Isabella Nichols, ou seja, estão na lista das top-10 que escaparão do corte, já garantindo as vagas para o restante da temporada e para a elite do CT em 2025. Tatiana já venceu a etapa de Portugal em 2022 e também a de Margaret River em 2021, onde acontecerá o corte.
Italo Ferreira, em 13º lugar, é o melhor brasileiro no ranking masculino. Foto: WSL / Tony Heff
RESULTADOS DO ÚLTIMO DIA DO HURLEY PRO SUNSET BEACH:
Campeão: Jack Robinson (AUS) por 18,04 pts (9,87+8,17) – US$ 80.000 e 10.000 pontos
2.o lugar: Kanoa Igarashi (JPN) com 15,16 pts (7,83+7,33) – US$ 50.000 e 7.800 pontos
SEMIFINAIS – 3.o lugar com US$ 32.000 e 6.085 pontos:
1.a: Kanoa Igarashi (JPN) 14,83 x 12,50 Jordy Smith (AFR)
2.a: Jack Robinson (AUS) 16,10 x 13,10 Ryan Callinan (AUS)
QUARTAS DE FINAL – 5.o lugar com US$ 21.500 e 4.745 pontos:
1.a: Kanoa Igarashi (JPN) 14,67 x 10,90 Seth Moniz (HAV)
2.a: Jordy Smith (AFR) 15,16 x 14,26 John John Florence (HAV)
3.a: Ryan Callinan (AUS) 16,00 x 12,10 Liam O´Brien (AUS)
4.a: Jack Robinson (AUS) 17,37 x 15,60 Italo Ferreira (BRA)
DECISÃO DO TÍTULO FEMININO:
Campeã: Molly Picklum (AUS) por 11,83 pts (6,50+5,33) – US$ 80.000 e 10.000 pontos
2.o lugar: Bettylou Sakura Johnson (HAV) com 8,67 pts (7,17+1,50) – US$ 50.000 e 7.800 pts
SEMIFINAIS – 3.o lugar com US$ 32.000 e 6.085 pontos:
1.a: Molly Picklum (AUS) 17,44 x 9,07 Brisa Hennessy (CRC)
2.a: Bettylou Sakura Johnson (HAV) 12,66 x 10,40 Caroline Marks (EUA)
QUARTAS DE FINAL – 5.o lugar com US$ 21.500 e 4.745 pontos:
1.a: Molly Picklum (AUS) 11,16 x 7,60 Lakey Peterson (EUA)
2.a: Brisa Hennessy (CRC) 11,67 x 2,00 Caitlin Simmers (EUA)
3.a: Caroline Marks (EUA) 8,57 x 7,67 Johanne Defay (FRA)
4.a: Bettylou Sakura Johnson (HAV) 15,50 x 10,66 Isabella Nichols (AUS)
RANKINGS DA WORLD SURF LEAGUE – após as 2 etapas do Havaí:
TOP-10 DO RANKING MASCULINO:
1.o: John John Florence (HAV) – 12.545 pontos
2.o: Jack Robinson (AUS) – 11.330
2.o: Barron Mamiya (HAV) – 11.330
4.o: Jordy Smith (AFR) – 10.830
5.o: Connor O´Leary (JPN) – 9.405
6.o: Kanoa Igarashi (JPN) – 9.130
7.o: Ethan Ewing (AUS) – 8.065
7.o: Liam O´Brien (AUS) – 8.065
9.o: Ryan Callinan (AUS) – 7.415
9.o: Ian Gentil (HAV) – 7.415
——-posições dos brasileiros
13.o: Italo Ferreira (RN) – 6.075 pontos
17.o: Yago Dora (SC) – 4.650
17.o: Miguel Pupo (SP) – 4.650
26.o: Gabriel Medina (SP) – 2.660
26.o: Samuel Pupo (SP) – 2.660
26.o: Deivid Silva (SP) – 2.660
32.o: Caio Ibelli (SP) – 1.595
34.o: João Chianca (RJ) – 530
35.o: Filipe Toledo (SP) – 265
TOP-10 DO RANKING FEMININO:
1.a: Molly Picklum (AUS) – 17.800 pontos
2.a: Caitlin Simmers (EUA) – 14.745
3.a: Bettylou Sakura Johnson (HAV) – 13.885
4.a: Brisa Hennessy (CRC) – 12.170
5.a: Caroline Marks (EUA) – 10.830
6.a: Johanne Defay (FRA) – 9.490
7.a: Tatiana Weston-Webb (BRA) – 7.355
7.a: Isabella Nichols (AUS) – 7.355
7.a: Luana Silva (BRA) – 7.355
10.a: Lakey Peterson (EUA) – 5.790